À Conversa com Carlos Cunha: “é uma das peças mais divertidas que eu já fiz”

Carlos Cunha e Erika Mota vão estar no Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz, dia 12 de agosto, com a peça de teatro “Ai, Minha Filha”. Esta peça conta a história de um pai mulherengo, Jacinto, que depois de ver a sua vida do avesso, procura resolver todos os seus problemas amorosos recorrendo até a ajuda profissional. O que ele não sabe é que a origem de todos os seus males vive debaixo do seu teto e é nada mais, nada menos, do que a sua filha. Estivemos à conversa com Carlos Cunha para nos falar um pouco mais sobre esta peça.

Rádio Foz do Mondego: Quando ouvimos a expressão “ai a minha filha” é inevitável a associação a peripécias entre pais e filhos. Que tipo de peripécias podemos esperar?

Carlos Cunha: Todas e mais algumas, embora não sejam peripécias normais, até porque não é bem uma família normal. Isto porque o pai, que sou eu que faço, tinha a mania que era galã até ao dia em que foi apanhado pela mulher, numa situação em que não era nada do que ela estava a pensar. Foi pouca sorte, é certo, mas ele também precisava de ser apanhado. Neste caso foi por uma coisa que não fez. A partir daí acontece tudo, tudo e mais alguma coisa. Depois há exagero, uma reconciliação… não posso revelar tudo para não ser spoiler. No fundo é uma comédia muito divertida e tem momentos muito hilariantes. Acho que está muito bem escrita e nós tentamos fazer o melhor possível. Tem agradado muito ao público. Nós já andamos com a peça há quase um ano, devendo acabar, em princípio, em outubro.

Rádio Foz do Mondego: No fundo, é uma peça para as pessoas se rirem…

Carlos Cunha: Sim, é muito importante que as pessoas entendam que isto é para elas se divertirem. Como eu costumo dizer, não é uma peça para levar como trabalho para casa. Ou seja, as pessoas percebem perfeitamente a mensagem e o que se passa na peça. Isto não é chamar de burro ninguém, nem dizer que a peça é leve, mas é um espetáculo para as pessoas se rirem. Na Figueira da Foz, naquele espaço extraordinário, que para mim é dos melhores sítios, com bom equipamento, um palco muito bom e um público que costuma ser excecional, não será diferente.

Rádio Foz do Mondego: E há alguma situação presente na peça que já tenha vivenciado na realidade?

Carlos Cunha: A mim, não. Mas aquilo pode ter muito a ver com a realidade. O facto de ser um homem com a mania que é malandreco… Não é o meu caso, que eu não sou nada malandro, sou um bom rapaz [risos]. Estou a brincar. Com certeza, muitas daquelas coisas já aconteceram a muita gente, claro! Menos os bruxedos, porque acontece de tudo e mais alguma coisa na peça, desde a personagem ficar coxa, gaga, a falar outra língua… E uma coisa ainda mais grave: ele não ter vontade para ter mulher nenhuma.

Rádio Foz do Mondego: Uma grande aflição.

Carlos Cunha: Bem grande. A personagem gosta de mulheres e, ainda por cima, depois de já estar separado, não consegue coisa nenhuma. Nada, não consegue nada, corre tudo ao contrário. Como se diz na gíria futebolística, bate tudo na trave. Depois, também há o namorado da filha, que lhe irá acontecer algumas coisas. Um tipo que tem a mania que é nerd, mas que é o chato da companhia, interpretado pelo Miguel Ribeiro. Vai aparecer uma mãe de santo, há a filha, que só lhe faz maldades… Acontece muita coisa. São duas horas, com um intervalo de dez minutos, muito bem passadas. A história é um original de Roberto Pereira e Eva Gonçalves, os mesmos autores, por exemplo, da novela “Festa é Festa”, que está com um grande sucesso há mais de um ano. Uma peça bem escrita e com os atores certos para cada um dos papéis. Não estou a falar de mim, claro [risos]. Eu divirto-me muito na peça. Mas quando sentimos que o público se está a divertir também, é ótimo!

Rádio Foz do Mondego: Parece, realmente, uma peça muito divertida. E como é contracenar com a sua filha? É um processo mais exigente?

Carlos Cunha: Não. É evidente que se acontecer alguma coisa, se ela ficar aflita com algo, por exemplo, uma branca, eu iria ficar mais aflito, vou ser honesto. Era muito mais difícil do que com colegas, por mais que eu goste muito deles. Mas ela não vacila em nada e é com orgulho que a vejo a crescer. Já cresceu muito, mas ainda tem um caminho a percorrer, se deixarem. A nossa profissão também não é assim tão fácil quanto isso. Por vezes, também se fica em casa à espera de um telefonema, mas nós não ficamos. Já montei uma firma de espetáculos e temos uma companhia e ela é o meu braço direito e a produtora de espetáculos. Fazemos também cinema, dobragens, que ela, por exemplo, também faz muito, mas temos sempre o nosso trabalho assegurado.

Rádio Foz do Mondego: E por onde é que ainda vão pensar que com esta peça de teatro?

Carlos Cunha: Ainda vamos passar por muitos lados. Eu não queria estar a falhar mas, por exemplo, vamos ao CAE, vamos à Costa da Caparica, a Santa Maria da Feira, vamos a Faro, à Fundação Pedro Ruivo, e a partir daí não sei mais. Quem sabe é a minha filha, que ela está mais fresca do que eu. Se bem que eu ainda não estou a cair da tripeça, graças a Deus [risos].

Rádio Foz do Mondego: Porque é que toda a gente deve ir ver o espetáculo “Ai a minha Filha”? O que é que o torna único?

Carlos Cunha: Único, não. Ficava-me mal dizer que é único mas é uma das peças mais divertidas que eu já fiz, e fiz muitas mesmo. Nesta fase que estamos a passar, que é só problemas, em que fica difícil ver notícias sem ficarmos muito incomodados e tristes, vale muito a pena rir e descontrair um pouco com esta peça. Há pouco, perguntou-me, se já me tinha acontecido alguma situação destas. A mim não, mas certamente vão haver pessoas a identificarem-se com isso, quer homens quer mulheres. Para além disso, estar na Figueira da Foz, só por si, já é ótimo. Estar no CAE da Figueira da Foz duas horas a rir, acho que é maravilhoso. Eu, como gosto muito de teatro, foi suspeito, não é? Mas no geral, estar naquele sítio, onde pode, se quiser, até comer muito bem e onde pode estar duas horas a divertir-se com as condições todas. Eu adoro estar ir ali, portanto, eu sou suspeito, até porque eu gosto muito da Figueira da Foz e adoro o Presidente da Câmara porque é das pessoas, falando de políticos, que mais bem trata a cultura, inclusive os atores e as atrizes, quer elas sejam do teatro nacional, quer sejam do teatro de revista, quer sejam do que for. Ele sempre nos tratou como como gente, por isso, já vale a pena atuar na Figueira da Foz.

Rádio Foz do Mondego: Gostava de saber agora como é que o Jacinto, a sua personagem na peça, convidaria as pessoas para verem o espetáculo?

Carlos Cunha: Da forma que eu tenho dito. Se tiverem felizes, vão ficar ainda mais e se tiverem tristes vão-se divertir, que é uma peça para as pessoas ficarem bem-dispostas. Depois, inclusive, podem identificar-se com alguma situação presente na peça ou até saber de um amigo que está a passar por uma situação daquelas. Como é espetáculo único, ainda podem fazer pirraça com quem não foi ver. Uma boa comédia e, ainda por cima, de um português. Para concluir, vão ao teatro, só faz bem. Acho que é melhor do que ir ao médico.

Rádio Foz do Mondego: Eu também acho que sim, muito obrigado.

Carlos Cunha: Obrigado, eu e bom trabalho. Um grande abraço aos ouvintes e vão ao teatro!

Cartaz da Peça “Ai a minha Filha”
Imagem de cena da Peça “Ai a minha Filha”
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